Discurso de honra

Tim Minchin é um músico britânico e australiano. Formado pela University of West Australia em 1998, ele voltou este ano para fazer o discurso de formatura. Além da filmagem abaixo, ele também disponibilizou o texto do discurso:

Texto original: http://www.timminchin.com/2013/09/25/occasional-address/

Publicado em: 25 de setembro de 2013

Autor: Tim Minchin

Oi. Eu fiz um discurso numa cerimônia de formatura na minha antiga facu, A University of Western Australia. Aqui está o vídeo. O texto está aí embaixo, espero que alguma coisa o(a) agrade.

“Em dias mais difíceis, eu fiz uma apresentação numa conferência pra uma grande empresa que desenvolvia e vendia programas de contabilidade. Acho que era uma tentativa de inspirar o pessoal de vendas para que fossem mais ambiciosos, eles pagaram 12 mil pra um orador, este esportista radical aqui, que já teve uns membros congelados quando ficou preso numa fenda na montanha. Foi sinistro. Os vendedores de programa deviam ouvir alguém que tivesse tido uma carreira bem longa, feliz e bem-sucedida em vendas de programas, e não um ex-alpinista super-otimista. Pobre do cara que chegou de manhã achando que ia aprender alguma coisa sobre técnica de vendas e acabou voltando pra casa preocupado com a circulação sangüínea das extremidades do corpo. Isso não dá inspiração — dá confusão.

E se a montanha fosse um símbolo dos desafios da vida, e se a perda de membros fosse uma metáfora pro sacrifício, um vendedor de programas nunca ia entender, não é mesmo? Por acaso ele tem diploma de artes?  Pois deveria ter. Diplomas de artes são da hora. Eles ajudam a gente a encontrar um sentido onde não há sentido algum. E olha, eu garanto, não há sentido algum. Não procure por ele. Procurar sentido na vida é como procurar rima num livro de receitas: você não vai achar, e ainda vai queimar o suflê.

Como eu disse antes, eu não sou um orador que dá inspiração. Eu nunca perdi um membro na montanha, nem metaforicamente. E com certeza não vim aqui dar conselho de carreira, porque… bom, eu nunca realmente tive o que a maioria chama de emprego decente.

Mas já faz alguns anos que muita gente escuta o que eu digo, e por isso me acho importante. Portanto, agora, na madura idade de 38 anos, eu vou dar a vocês nove lições de vida. Isso é pra imitar as nove lições e cânticos tradicionais de Natal, que eu também acho meio difíceis de entender.

Este discurso, você vai achar meio inspirador, meio chato em parte, e com certeza daqui a uma semana você vai ter esquecido tudo. Mas esteja avisado de que vai ter um monte de duplo sentido, e umas frasezinhas que começam bem, mas terminam completamente nada a ver.

Por isso preste atenção! Ou você vai ficar mais perdido do que o cego que entrou na farmácia batendo palmas pra tentar localizar líquido de lente de contato pelo eco.

Aí vai:

1. Você não precisa ter um sonho

Esses americanos em shows de talentos sempre falam de sonhos. Tudo bem, se você tem algo pelo qual sempre sonhou, tipo, no seu coração, vai atrás! Afinal de contas, o importante é o seu tempo pra correr atrás do sonho. E se o sonho for grande o bastante, você vai levar a maior parte da sua vida pra conseguir, e quando finalmente você conseguir e estiver lá, olhando pro abismo da falta de sentido da sua conquista, você estará quase morto, quer dizer que não vai ter mais importância.

Eu nunca tive esses grandes sonhos. E por isso me dedico com paixão à busca de objetivos de curto prazo. Seja micro-ambicioso. Baixe a cabeça e trabalhe com orgulho nisso que está na sua frente. Você nunca sabe onde vai terminar. Mas fique sabendo que o próximo objetivo que vale a pena vai provavelmente aparecer na sua visão periférica. É por isso que você deve ter cuidado com sonhos de longo prazo. Se você olhar só pro horizonte lá longe, você não vai ver as coisas interessantes que aparecem no cantinho do seu campo de visão. Certo? Beleza. Conselho. Metáfora. Olha isso, tá funcionando.

2. Não procure felicidade

Felicidade é que nem orgasmo: se você pensar muito nele, ele desaparece. Esteja sempre ocupado e tente fazer alguém feliz, pode ser que sobre um pouco de felicidade pra você como efeito colateral. Nós não evoluímos para estarmos sempre contentes. Os Australophithecus afarensis que estavam sempre contentes foram comidos antes de passarem seus genes pra frente.

3. Lembre-se: tudo é uma questão de sorte

Você tem sorte de estar aqui. Você tem uma sorte imensa de ter nascido, e maior ainda de ter sido educado por uma família legal, que te ajudou a estudar e a ir pra facu. Ou então, se você nasceu numa família horrível, isso foi falta de sorte, eu tenho pena de você… mas mesmo assim você teve sorte: sorte porque por acaso você foi feito por um tipo de DNA que fez um tipo de cérebro que, depois de submetido a uma infância horrível, tomou decisões que fizeram com que você, no final, se formasse na facu. Parabéns, você se puxou pra cima pelo cordão do sapato, mas você teve sorte. Você não criou a parte de você que o puxou pra cima. Nem o cordão do sapato, não foi você quem fez.

Eu suponho que trabalhei duro pra conseguir o pouco que consegui… mas eu não fiz a parte de mim que trabalha duro, assim como também não fiz a parte de mim que saía pra comer hambúrguer ao invés de assistir aos seminários quando eu estava aqui na UWA.

Quando você entender que você não pode realmente assumir a autoria dos seus sucessos, e nem realmente culpar os outros por seus erros, você será mais humilde e mais humano.

Empatia é algo intuitivo, mas você também pode trabalhá-la racionalmente.

4. Faça exercícios

Que me perdoem os alunos de filosofia, esses fumantes pálidos e flácidos, que se escandalizam com a multidão que passa sua existência se exercitando. Você está errado, eles estão certos. Bom, você está meio certo: você pensa, logo você existe… mas também: você corre, logo você dorme bem, logo você não se deixa contaminar pela angústia existencial. Você não pode ser Kant, e você nem quer ser.

Pratique esportes, faça yoga, puxe ferro, corra… qualquer coisa… mas tome cuidado do seu corpo. Você vai precisar dele. A maioria de vocês vai viver até quase cem anos, e mesmo o mais pobre entre vocês vai ter um nível de renda que a maioria dos humanos na História nunca pôde sonhar. E essa vida longa e luxuriosa que o espera vai dexá-lo deprimido!

Mas não se desespere! A depressão é inversamente proporcional ao exercício. Vão lá, corram meus lindos intelectuais, corram. E não fumem. Eca.

5. Seja firme em suas opiniões

Um famoso ditado diz que opinião é que nem cu, cada um tem a sua. É um ditado muito sábio… mas eu gostaria de acrescentar que existe uma diferença muito grande entre o cu e a opinião, porque suas opiniões devem ser constantemente e profundamente examinadas.

É preciso pensar de maneira crítica, e não apenas sobre as idéias dos outros. Seja firme com suas crenças. Leve-as à varanda para que sejam espancadas com tacos de baseball.

Seja intelectualmente rigoroso. Identifique suas distorções, seus preconceitos, seus privilégios.

A maioria dos argumentos da sociedade sobrevivem porque as nuances são ignoradas. Tendemos a gerar falsas dicotomias, e daí rebatemos o argumento do outro assumindo verdades completamente diferentes, como dois jogadores de tênis tentando ganhar o jogo fazendo rebatidas geniais, mas cada um numa quadra distinta.

Falando nisso, aproveitando que há formandos de ciências e de artes na minha frente: por favor, não pensem que artes e ciências são contrárias umas às outras. Essa é uma idéia recente, ela é estúpida e tóxica. Você não precisa ser anti-ciência pra fazer boa arte, escrever coisas bonitas.

Quer prova? Twain, Adams, Vonnegut, McEwen, Sagan, Shakespeare, Dickens. Só pra começar.

Você não precisa ser supersticioso pra ser um poeta. Você não precisa odiar a tecnologia da GM pra se preocupar com a beleza do planeta. Você não precisa apelar para a existência da alma pra promover paixão.

A ciência não é um corpo de conhecimento, nem um sistema de crenças; é só um termo que descreve o quanto a humanidade acumula compreensão através da observação. Ciência é animal.

As artes e as ciências precisam trabalhar juntas para melhorar a comunicação de conhecimento. Muitos australianos — inclusive nosso novo primeiro-ministro e meu primo Nick — acreditam que a ciência do aquecimento global causado pelo homem é controversa. Isso indica o quanto somos incompetentes em nos comunicar. O fato de que 30% desta sala acabou de bufar indica mais ainda. O fato de que essa bufada tem mais a ver com política do que com ciência é ainda mais desesperador.

6. Seja um professor

Por favor! Por favor seja um professor. Professores são as pessoas mais admiráveis e importantes do mundo. Você não precisa fazer isso pra sempre, mas se você tem dúvidas sobre o que fazer, seja um professor incrível. Só até os seus trinta anos. Seja um professor de escola primária. Especialmente se você é homem – precisamos de mais professores homens nas escolas primárias. Mesmo se você não for um professor, seja um professor. Compartilhe suas idéias. Não ache que sua educação é a melhor. Aproveite o que você aprende, e espalhe por aí.

7. Defina-se pelo que você ama

Eu me surpreendi fazendo isso recentemente, alguém me perguntou que tipo de música eu gosto, eu disse “bom, eu não escuto rádio porque letra de música pop me irrita”. Ou então alguém me perguntou que tipo de comida eu gosto, e eu disse “Acho que andam usando demais a essência de trufas, é meio desagradável”. E na internet eu vejo isso o tempo todo, gente que acha que fazer parte de uma subcultura é odiar Coldplay ou futebol ou feministas ou o Partido Liberal. Temos tendência a nos definir contra as coisas; na minha condição de ator, eu acabo vivendo disso. Mas tente também expressar sua paixão por coisas que você ama. Demonstre seu prazer e seja generoso para com aqueles que você admira. Envie cartões de agradecimento e aplauda de pé. Seja pró- coisas, não somente anti- coisas.

8. Respeite quem tem menos poder que você

No passado, eu já tive que tomar decisões importantes sobre as pessoas com quem trabalho — agentes e produtores — baseado muito na maneira com que tratavam o garçom no restaurante. Eu não ligo se você é o cachorrão mais poderoso da sala, vou julgá-lo de acordo como você trata o menos poderoso. É assim.

9. Não se apresse

Você não precisar saber agora o que vai fazer o resto da vida. Não estou dizendo pra você sentar e fumar um fino o dia inteiro, só não precisa entrar em pânico. A maioria das pessoas que conheço que tinham planejado suas carreiras aos vinte anos de idade está tento crise de meia idade agora.

No começo desse blá-blá-blá eu disse que a vida não tem sentido. Não era só pra chocar. Eu acho absurdo: a idéia de procurar “significado” nesse conjunto de circunstâncias que foi gerado por 13,8 bilhões de anos de eventos aleatórios. Deixe os humanos pensarem que o universo tem um propósito pra eles. Mas eu não sou um niilista. Também não sou cínico. Na verdade, sou até romântico. E aqui vai minha idéia de romance:

Logo você estará morto. A vida às vezes vai parecer longa e dura e, meu, como cansa. ‘As vezes você vai  estar feliz, outras vezes triste. Daí vai ficar velho. Daí vai morrer.

Só tem uma coisa adequada a fazer com essa existência vazia: preenchê-la.

E na minha opinião (até que mude), o melhor jeito de preencher a vida é aprender o máximo possível sobre o maior número possível de coisas, sendo orgulhoso no que quer que seja que você esteja fazendo, sendo apaixonado, compartilhando idéias, correndo(!), sendo entusiasta. E daí há amor, viagens, vinho, sexo, arte, crianças, doação, escaladas de montanha… mas você já sabe tudo isso.

Essa vida sem sentido que você tem é incrivelmente excitante. Boa sorte.

Obrigado por me agüentar.

Tradução: letranslator.wordpress.com

A ciência da felicidade – Uma experiência sobre a gratidão

science of happiness

Original: vídeo “The Science of Happiness – An Experiment in Gratitude

De: SoulPancake, 11 de julho de 2013

Sugestões de Letranslator: talvez seja melhor você pôr o vídeo pra tocar em uma janela separada e ir lendo o texto. A marcação de tempo ajuda a não se perder.

Clique com botão direito – abrir em nova janela: http://www.youtube.com/watch?v=oHv6vTKD6lg (7 minutos)

Tradução do vídeo

0:00 — Cala a boca! [risos] O quê?! Espera aí… [risos] Eu fiquei tão sem graça…

0:20 — O que o(a) faz feliz? Diversão? Encontrar amigos? Boa comida? Ganhar dinheiro? Pense nisso: psicólogos provaram cientificamente que um dos fatores que mais contribuem para a felicidade na sua vida é quanta gratidão você demonstra. É, pense nisso. Preste atenção um segundo. Você pode me agradecer mais tarde, se quiser. Vai fazer você se sentir melhor, de acordo com este estudo (arquivo pdf: https://s3.amazonaws.com/site.soulpancake/Happiness01.pdf ). Você pode clicar para lê-lo se quiser. Ou então, continue assistindo, porque depois que vimos esse estudo, pensamos que seria divertido testar por nós mesmos. Selecionamos voluntários que foram usados como objetos de pesquisa. Primeiro, pedimos que respondessem a um teste. Eles não sabiam o que estávamos analisando, mas o teste nos deu uma boa idéia do nível de felicidade deles naquela hora.

1:01 — Pedimos que fechassem os olhos e pensassem em alguém que fosse realmente influente em suas vidas. Alguém que tivesse feito algo realmente incrível ou importante para eles. Pedimos que escrevessem o máximo possível para explicar por que essa pessoa era tão importante, e muitos deles pensaram que a experiência já tinha terminado nesse momento, até que realmente botamos pressão, e tentamos fazer com que ligassem para a pessoa em questão para ler o que tinham escrito sobre ela. [risos] — Obrigado, Jessica — Vamos tentar ligar pra sua mãe — Então, quem é essa pessoa importante pra você? — Essa pessoa é minha irmã Erika. — Vamos ligar pra Erika — [risos] OK! — Quem você escolheu? — Um amigo, Greg Aims — O nome dela é Dora — Meu professor de Contabilidade — Sério? É alguém com quem você ainda fala? — Não, eu assumo que ele já se foi… — Que pena…

1:43 — Manda bala! — Hmmm… sim… — O que você diria se a gente ligasse pra Dora? — Ah, podemos tentar, mas ela mora na Grã-Bretanha… — Na Grã-Bretanha!? — Ah, não, nunca sei de cor, é horrível. — Tudo bem, eu também não sei o número da minha mãe de cor. — Se é verdade que esses que já se foram estão nos olhando lá de cima, ele vai ouvir, vou continuar [risos]

2:05 — Olá querido! — Oi, como está? Tem um segundo? Onde você está, em um hotel? — Sim, estou num hotel. Você está me assustando, perguntando se tenho um segundo… — Não, não, eu estou participando de um show de TV e eles me pediram pra falar sobre a pessoa que mais me influenciou e eu escolhi você, agora me fizeram ligar pra você. — Ah, que legal!

2:27 — Oi, aqui é o Greg, não estou no momento — Fora da cidade, por favor grave sua mensagem. — Ah, vai — Alô? — Oi… Erika? Sou eu. — Certo, tenho que ler este parágrafo, está me ouvindo? — Sim, estou, continue. — Certo, certo. A pessoa que mais me influenciou foi minha mãe, Sra. Dawson, mãe solteira de dois filhos, trabalha muito duro e dedica tudo à sua família.

3:05 — Ei, Greg, aqui é a Loie… hmmm… esta vai ser uma mensagem vocal meio engraçada, espero que goste. — Sinto muito, muito, por te ligar às quatro da manhã! [risos] meu Deus! — Tenho que ler isto pra você, OK?  E você não pode falar nada, ou, sei lá, você pode até responder, mas provavelmente eu vou simplesmente continuar falando [risos] OK? — Está tudo bem? — Sim! Mas eu tenho que ler isto em voz alta pra você.

3:30 — A pessoa que teve o maior impacto na minha vida — além de Jesus Cristo, que é responsável pela minha existência — foi meu professor de Contabilidade na faculdade, ele tinha mais alegria e entusiasmo em seu trabalho que todos os outros professores que conheci. — Eu a amo demais, e ela sempre me motiva com pensamentos positivos, é uma mulher que sabe o que quer e nunca desiste antes de conseguir. — Ah, querido, não sei o que dizer, foi tão bonito! Eu… tenho que dizer que foi simplesmente maravilhoso. — Conheci o Greg em uma exposição de filmes independentes em Whitefish, Montana. Recentemente, tenho enviado um monte de pensamentos positivos ao Greg, porque ele anda sofrendo de graves problemas de saúde. Apesar de seus problemas de saúde, ele continua trabalhando e tendo prazer em coisas simples da vida, como sentar e conversar com sua esposa Janine no terraço.

4:22 — Erika é minha irmã mais velha e minha melhor amiga. ‘As vezes até parece que somos gêmeas! Ela é minha fã número um, e a pessoa que mais torce por mim.  Ela me faz feliz porque, apesar de todas as decisões erradas que tomo, ela ainda me ama em qualquer circunstância. — Sua amizade é tudo. Você é uma das pessoas mais importantes na minha vida. — Mesmo quando ela tiver um filho, muitos filhos, eu vou amá-la mais do que seus filhos! Tá, talvez não. Eu nunca vou esquecer de quando ela voou quase cinco mil quilômetros depois de um telefonema, só pra me ajudar depois de uma separação.

4:56 — Eu fui abençoada por ter você. Te amo. — Tchau… — Por que você fez isso comigo? — [gargalhada] Não sei, porque eles me convenceram! — Obrigado por ter atendido. Tchau, querida. — Eles me disseram “Aqui, você vai escrever essa carta”, e eu escrevi essa carta super longa que, você sabe, eu nunca escrevo, e de repente me disseram “Tá, agora vamos ligar pra ela, e você vai ler a carta pra ela” e eu disse “Quê?! Ai, p****”! [risos]

5:40 — Antes que eles fossem embora, demos mais um teste de felicidade para os voluntários, mas nós embaralhamos e reformulamos as questões para que eles não soubessem que estavam respondendo ao mesmo teste de novo. Aqueles que escreveram algo, mas que, por uma ou outra razão, não puderam ligar pra pessoa, tiveram um aumento de felicidade entre 2 e 4%. Bom, mas não exatamente incrível.  Agora, aqueles que ligaram e expressaram pessoalmente sua gratidão, tiveram aumentos entre 4 e 19%. Por isso, de qualquer forma, expressar sua gratidão vai fazer de você alguém mais feliz.

6:11 — Mas quer saber algo realmente interessante? A pessoa que teve o maior aumento de felicidade foi a pessoa que estava mais infeliz no começo do teste. O que isso quer dizer? Quer dizer que, se você estiver em um momento especialmente difícil, faça a mesma coisa e isso provavelmente terá um grande impacto em você. Confie em mim, eu estou de avental. Na verdade, quando fizer isso, filme e mande pra gente, seria incrível. Eu sou Julian, e você acabou de assistir Ciência da Felicidade.

Texto na página Youtube

“O que faz você feliz? Já se perguntou? Junte-se a nós para uma abordagem experimental sobre o que faz as pessoas mais felizes. Bastidores deste episódio em http://www.youtube.com/watch?v=ufmxRozpxNA&feature=youtu.be ”

Assista The Science of Happiness – Episode 2 aqui!http://youtu.be/ApoYwEeDNrc

Veja a pesquisa aqui! http://www.ppc.sas.upenn.edu/articles…
Responda com um vídeo explicando o que o(a) deixa feliz, e você poderá aparecer em um futuro vídeo da Ciência da Felicidade!

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CREDITS:
Created by: Mike Bernstein & Matt Pittman
Director: Mike Bernstein
Producer: Matt Pittman
Cinematographer: Yuki Noguchi
Production Designer: Flower Cole
Editor: Casey McClelland
Colorist: Trevor Durtschi
VFX: Cameron Clark
Camera Operator: Charles Balch
1st AC | B Cam Op: Tony Corella
Gaffer | C Cam Op: John Woodsie
DIT: Jessica Blaize Hendricks
Sound Mixer/Boom Operator: Ben Adams
Sound Mixer/Sound Design: Matt Schwartz
Production Coordinator: William Cubbon
Art Director: Libby Wampler
Makeup: Taylor Tompkins
BTS Cinematographer: Blair Neighbors
BTS Editor: Oscar Castro

HOST:
Julian Huguet

FEATURED PARTICIPANTS:
Otto Graham
Odell Mack
Samantha Valdellon
Samira Sara
Loie V. Russell-Templton

MUSIC:
All songs by Lullatune
“”Little things swimming under a microscope””
“”The Hands of a Clock””
“”Brass Practice””
“”Riding a bike down a big hill and taking your feet off of the pedals””

BTS MUSIC:
“”Dance it, Dance All (Motel Costes Mix)”” by The Easton Ellises
“”Buddy Guy”” by Podington Bear (http://podingtonbear.com/)”

GTA V: um debate fora de propósito sobre a violência

Este texto faz propaganda de um jogo de vídeo, mas ao mesmo tempo ele mostra como a mídia provoca polêmicas para vender produtos. Seu foco é diferente, mas ele concorda com a Parte 3 do Curso de Jornalismo Leconnector:

Texto original: http://www.marianne.net/GTA-V-un-debat-sur-la-violence-a-cote-de-la-plaque_a232292.html

Autor do Original: Alexandre Coste – Revista Marianne

Original publicado em 18 de setembro de 2013

A cada lançamento de jogo da Rockstar, a mesma ladainha cantada pela mídia, e o novo GTA não é exceção: “muito esperado, muito caro, muito bonito… mas também muito violento. O 5° capítulo de Grand Theft Auto, lançado ontem, causa debates novamente”, podemos ler em Le Parisien hoje de manhã.

GTA V : un débat sur la violence à côté de la plaque

Mas enfim, de que debate estão falando? É claro que o jogo é muito violento, mas sua venda é desaconselhada aos menores de 18 anos. Assim como alguns filmes são proibidos para menores. São os pais e apenas aos pais que precisam prestar atenção ao lazer de seus filhos.

E não se precisou de muito tempo para que um videozinho viral viesse à mostrar os verdadeiros responsáveis da influência nefasta que alguns video games podem ter sobre as crianças:

É evidente que, aos 11 anos, jogar GTA está longe de ser recomendado. É como ver filme pornô. Será que os pais dariam um DVD da Digital Playground ao garoto da mesma maneira? Claro que não. Será que eles deixariam sua prole assistir livremente a filmes como “Martyrs” ou “Irreversível”? Esperemos que não.

Há três anos, na época do lançamento do jogo Red Dead Redemption, eis o que dizia um dos desenvolvedores da Rockstar Games na BBC: “Nossos jogos não são desenvolvidos para o público infantil. Se você é pai e compra um de nossos jogos para o seu filho, isso quer dizer que você é um mau pai.” Ponto final.

Podemos pôr em questão, eventualmente, a advertência, que pode ser discreta demais, a ausência de uma verdadeira proibição à venda aos menores como nos Estados Unidos (mesmo se a nossa legislação mais permissiva tem a vantagem de permitir aos adolescentes suficientemente maduros jogarem esses jogos de conteúdo maduro) ou então a ignorância de alguns pais quanto aos lazeres digitais. Mas será que é necessário parar de produzir jogos destinados a adultos? Mais uma vez, a resposta é negativa.

GTA banalizaria a violência extrema, pode-se ler nos artigos preguiçosos, que exploram a polêmica fácil até o fim. O que dizer então dos escritos do Marquês de Sade? A venda de seus livros é proibida? São somente proibidos aos menores? Ninguém faz o processo da literatura a cada lançamento de uma obra extremamente violenta. No entanto, Deus sabe se os livros puderam ter uma influência nefasta sobre milhões de pessoas.

Paris Match que mostrava decapitações de sírios na semana passada podia ser comprado apenas por pessoas com mais de 18 anos de idade? Havia uma aviso sobre a capa pra avisar que o conteúdo da revista era particularmente chocante?

GTA V : un débat sur la violence à côté de la plaqueTalvez seja hora de considerar que os jogos digitais são uma forma de expressão artística em si mesmos e que por isso abordam temas diversos em gêneros variados. Paremos de focalizar somente sobre GTA e Call of Duty.

Essas são duas séries de jogos que são ao mesmo tempo violentas e extremamente populares, pode-se retorquir, e os recordes de venda o provam. E a isso pode-se responder que Candy Crush SagaRuzzleTemple Run têm certamente a mesma quantidade de adeptos pelo mundo, e que não se tratam de jogos realmente de terror.

Enfim, o quinto GTA é um jogo violento. E já começamos a perceber. É por isso que sua venda é desaconselhada aos menores de 18 anos, e isso está escrito na caixa. Se você é pai ou mãe, a você cabe julgar se o seu filho tem idade pra jogar ou não.

E aí, a gente pode se encontrar no lançamento de GTA VI pra repetir isso?

Tradução: letranslator.wordpress.com

Segundo uma pesquisa aí…

Texto original: “Selon une étude à la con…”

Autor: Alexandre Coste, revista Marianne

Original publicado em 3 de setembro de 2013

Mel Evans/AP/SIPA

Diante da proliferação de pesquisas científicas que são cada vez mais divulgadas na mídia, pode se tornar difícil separar o joio do trigo. A cada dia, encontramos novas propriedades da cerveja, do vinho, do sexo, da risada, do café, do cigarro, do chá e ainda da meditação. A cada dia, nos divertimos com as diferenças entre homens e mulheres, destros e canhotos, os quais travam inocentes combates biológicos.

Essas pesquisas, que chamo de “pesquisas aí”, são muito bem definidas no site adriensaumier.fr: “São ‘estudos americanos’ de uma universidade desconhecida. Esses estudos permitem que a gente crie um grande título bem divertido para um artigo que vai render cliques”. Uma pitada de cinismo, mas nada mais verdadeiro. Essa categoria de artigos resume bem o desvio da imprensa digital: tudo está no título, o mais difícil é criar um artigo em cima que possa acompanhá-lo.

Os portais de informação como Google ou Yahoo Notícias reservam um espaço diário a esses resultados de pesquisas que divertem os internautas. O fenômeno se tornou tão onipresente na internet que alguns Tumblr agregam esses estudos e suas conclusões tão bobas que chega a confundir.

Tomemos por exemplo, por acaso, o esperma, e vejamos o que os estudos desses últimos anos nos ensinaram sobre o assunto:

– ele favoriza o bem-estar mental das mulheres

– ele age como antidepressivo

– seu gosto varia de acordo com a alimentação do homem

– ele freia o envelhecimento das células

– quanto mais o homem vê televisão, menos ele produz

– os homens de voz grave são menos férteis

– o estresse e a ansiedade têm um efeito negativo sobre a qualidade do esperma

– o esperma, quando engolido, permite a redução de 40% de riscos de câncer dos seios

– é conhecido como queimador de gorduras

Ou seja, esperma e bicarbonato, mesma luta! Logo, logo vão nos dizer que ele ajuda a clarear os dentes, reduzir os efeitos das dores crônicas, que a gente pode limpar o banheiro com ele… aos céticos: não se preocupem, cada efeito é cientificamente provado!

A fórmula mágica já é conhecida. O leitor normal não acha necessário ir mais longe. Ele acabou de receber uma informação que vai fazer sucesso em um tweet engraçadinho, que ele vai enviar a seus “seguidores”. Os quais vão responder com um sonoro “kkkkk”, antes de compartilhar o artigo. O processo será o mesmo no Facebook, no entanto com uma intimidade propícia a comentários um pouco mais sólidos: geralmente piadinhas maliciosas acompanhadas com uma piscadinha (ou ;)) aprovador.

No caso de um estudo que fala bem da cerveja ou do vinho, por exemplo “beber vinho permite viver mais tempo”, os comentários vão mencionar lembranças de uma festa com alguns dos contatos, ou aprovar com um “então tudo bem, vou viver pelo menos uns 300 anos kkkkk” o fato de que o internauta que divulgou o artigo toma umas regularmente. O que é sempre bem visto, socialmente falando.

O macaco velho, no entanto, esse a quem não se ensina mais a fazer cambalhotas, vai tomar um tempinho pra clicar no link que aparece às vezes sobre a palavra “pesquisa” na frase que começa com “Segundo uma pesquisa…”, isso no caso do jornalista em poder da metralhadora de textos ter feito corretamente seu trabalho. Esse link enviará o leitor ao site da universidade, apresentando o protocolo experimental da dita pesquisa, o que permite redimensionar enormes e exageradas verdades à suas justas proporções.

Por exemplo, uma pesquisa amplamente divulgada na internet no mês de fevereiro anunciava que “sim, as mulheres são mais tagarelas que os homens.” Para que se chegasse a essa conclusão, corpos de crianças de 4 a 5 anos falecidas em um acidente foram analisados. Assim, observou-se que as meninas possuíam 30% mais de proteínas FOXP2, as quais parecem desempenhar um papel importante na transmissão da linguagem. Fuçando um pouquinho, descobre-se a quantidade de sujeitos usados  nessa pesquisa: somente 10! Cinco de sexo masculino e cinco de sexo feminino. É meio pouco pra que os resultados possam ser extrapolados a todo o planeta… Além do mais, a dimensão social é completamente ignorada em nome de uma análise estritamente biológica.

Os sites de informação participam assim à divulgação de contra-verdades ou, no mínimo, de conclusões extrapoladas com o único objetivo de maximizar a audiência. E isso está longe de ser sua função mais importante. Mas a gente também pode considerar que os leitores são ávidos desse tipo de artigos e que a oferta corresponde à demanda. De fato, é possível imaginar que essas pesquisas substituem hoje a função do horóscopo de ontem. Outros tempos, outros modos, as pipetas de avental branco substituíram as estrelas e seus alinhamentos. Mas a voracidade com que os leitores se jogam sobre esses artigos é proporcional à sua vontade de acreditar no que lêem.

Tradução: letranslator.wordpress.com

Por que os alunos finlandeses, sul-coreanos e poloneses são mais “inteligentes” que…

Fonte (em Francês): http://www.rue89.com/2013/08/25/pourquoi-les-ecoliers-finlandais-sud-coreens-polonais-sont-plus-intelligents-245177

Autora do original: Blandine Grosjean – redatora-chefe do rue89.com

Original publicado dia 25 de agosto de 2013.

O livro “As crianças mais inteligentes do mundo (e como elas chegaram lá)” (“Les Enfants les plus intelligents du monde (et comment ils y parviennent )”) não é, segundo o New York Times, apenas mais um livro da linha masoquista “Por que as francesas não engordam” ou “Por que as mães chinesas são melhores que as outras”.

Eu não li. No entanto, me pareceu útil partilhar a resenha publicada no International Herald Tribune desse final de semana. Porque já faz alguns dias que recebemos no Rue89 e-mails desesperados de futuros professores que ainda não sabem onde vão trabalhar e que não receberam nenhuma formação para trabalhar com alunos.

Finlândia, Coréia do Sul e Polônia

A obra foi escrita pour uma jornalista, Amanda Ripley, colaboradora do Time magazine e do site The Atlantic.

Captura de tela do artigo do New York Times

Para tentar entender por que os alunos finlandeses (campeões europeus em todas as matérias), sul-coreanos e poloneses estavam melhor preparados do que os pequenos americanos, segundo pesquisas internacionais, ela se baseou em três de seus compatriotas escolarizados nesses países.

Ela também falou com os responsáveis e os agentes dos diferentes sistemas educativos. Mas a imersão de “agentes de terreno” que podem comparar as duas formas de ensino é sem dúvida o aspecto mais interessante  de seu trabalho. Sempre nos esquecemos de perguntar os maiores interessados o que eles pensam.

1|Kim na Finlândia

Kime é uma adolescente “agitada” de 15 anos, originária de um recanto rural do Oklahoma. Da Finlândia, ela conhecia apenas os “castelos de neve”. Ela descobriu o verdadeiro país de Ari Vatanen numa cidadezinha chamada Pietarsaari, numa escola sem iPad nem quadro eletrônico interativo na parede. Apenas fileiras de mesinhas e um quadro negro, mas com “professores brilhantes, talentosos, extremamente bem formados e que amam sua profissão”.

Ao invés de se apoiar sobre um sistema complexo de medidas de desempenho, avaliações e análises de dados, “como nós fazemos”, explica a autora, “a Finlândia seleciona seus melhores estudantes para formá-los ao ensino, criando assim um círculo virtuoso: mais bem preparados, mais bem formados, esses professores gozam de uma grande autonomia e são felizes”.

Sentindo muito bem que o ambiente na escola finlandesa não tinha nada a ver com o que ela tinha conhecido, Kim se arriscou um dia a perguntar a seus camaradas por que eles se investiam tanto em sua escolaridade:

Bom, é a escola, ué. De que outra maneira você poderia ter o seu diploma, ir à faculdade e ter um bom trabalho?”

2|Eric na Coréia do Sul

Eric, que vem do Minesota, onde foi escolarizado numa excelente escola particular, ficou extremamente chocado ao ver seus colegas de classe levarem seus travesseiros e tirarem cochilos durante as aulas. Depois ele entendeu por que eles estavam tão cansados: eles tinham passado a noite estudando nos “hagwons“, essas aulas particulares onde os alunos coreanos “aprendem de verdade”.

Na Coréia do Sul, a pressão acadêmica é totalmente fora de controle, explica Amanda Ripley, e as famílias fazem sacrifícios para que seus filhos possam entrar nas universidades ultra-seletivas, que se supõem oferecer aos jovens uma vida próspera.

Os alunos se encontram prisioneiros da “roda de hamster” que, segundo ela, cria a mesma quantidade de problemas e de vantagens. Mas se fosse pra escolher, ela ainda prefere o sistema coreano ao americano, o qual ela compara a um trampolim inflável, lúdico, reluzente:

“É excessivo e implacável, mas honesto. Nos países “roda de hamster”, as crianças sabem que isso implica se virar com idéias complexas e pensar fora de sua zona de conforto. Elas entendem o valor da perseverança, elas chegam a conhecer o fracasso.”

3|Tom na Polônia

Assim como na Finlândia e na Coréia do Sul, os professores poloneses seriam excelentes, mas para Tom, esse adolescente culto originário da Pensilvânia e estudante de colegial em Wroclaw, a principal diferença entre os dois sistemas é… o esporte.

Em sua cidade natal, o esporte era o centro da instituição. Em Wroclaw, não existe esporte na grade horária do colegial. “E por que seria de outra forma?”, aprova a jornalista. “Não há enganação sobre o que a escola deve ser, o que realmente conta para o futuro das crianças.”

A França, o país com os alunos mais estressados

Isso é portanto um olhar americano, uma comparação com a educação nos Estados Unidos. Mas o mesmo exercício é facilmente traduzível.

Segundo o programa Pisa (que compara o desempenho de diferentes sistemas de educação avaliando as competências adquiridas pelos alunos no fim do período escolar (15 anos), a França chega em 22° lugar em Matemática (os Estados Unidos, em 30°), 27° em Ciências (os Estados Unidos em 23°) e 22° em leitura (os Estados Unidos em 17°).

Além dessa classificação, que não é perfeita, a parte reservada à França nota que esse país dedica à educação uma quantidade média de recursos, quando comparada a países economicamente próximos. A França é sobretudo “o país dos alunos mais estressados, que se sentem pouco apoiados por seus professores.”

Felizmente, em seu discurso de encerramento da Universidade de Verão do partido socialista em La Rochelle, o primeiro ministro prometeu que “os professores terão mais recursos, mas ao mesmo tempo a bela missão de serem bem-sucedidos na educação da juventude francesa.”

Tradução Letranslator.wordpress.com